A vitória contra a Venezuela foi saudada como a melhor partida do Brasil na Copa América. O time de Dunga teria apresentado um jogo mais coletivo, maior compactação e segurança para vencer a Vinotinto. “O time foi coeso”, disse Thiago Silva, autor do primeiro gol da vitória por 2 a 1.
Só que a notícia de uma seleção mais compactada com maior envolvimento dos jogadores é apenas uma parte da história sobre o desempenho deste domingo no Chile. E o fato de ter feito dois gols na Venezuela não significa que o Brasil resolveu seus problemas para a dura partida contra o Paraguai no sábado que vem.
O Brasil não jogou tão bem assim contra a Venezuela, o que não tem a ver exclusivamente com o fato de ter tomado pressão no final da partida. As mudanças do segundo tempo são a cara de Dunga, um treinador menos preocupado com questões de longo prazo e mais interessado em vencer a partida a qualquer custo. Se o treinador acha que precisa colocar quatro zagueiros contra a Venezuela para garantir um resultado, ele coloca.
Quatro zagueiros contra a Venezuela. Que coisa.
(Time foi mais “coeso”, disseram os jogadores. Foto: Francisco Longa/ Agif/Gazeta Press)
Dunga disse que as entradas de Marquinhos e David Luiz nos lugares de Robinho e Firmino tinham como objetivo interromper a jogada de bola longa da Venezuela. De fato, os venezuelanos começaram a lançar bolas desde o próprio campo até a área do Brasil, em busca do gol. Por outro lado, as mudanças deixaram o time mais recuado e cederam o meio-campo à Venezuela, que teve a chance até de empatar.
É o primeiro tempo, porém, que fala mais sobre a atuação do Brasil e sobre os pontos em que precisa melhorar. Se é verdade que o time dominou a Venezuela e praticamente não foi agredido, por outro lado criou poucas jogadas de ataque e não demonstrou, neste caso, o tal jogo coletivo que tanto se festejou ao final da partida.
Com a Venezuela mais aberta após sofrer o gol de Thiago Silva, em jogada de bola parada, o Brasil só conseguiu criar três oportunidades de gol no primeiro tempo. O Brasil soube tocar mais a bola, sem o afobamento visto nos jogos anteriores. Mas ainda assim teve pouca criatividade na hora de chegar à frente.
(Gol de Firmino foi um raro momento de criatividade no ataque brasileiro. Francisco Longa/ Agif/Gazeta Press)
A arma mais usada pelo ataque brasileiro foi a inversão de bola. Aos 15 minutos, Fernandinho virou o jogo para Daniel Alves, que tocou para Robinho chutar por cima. Aos 23, na melhor jogada do primeiro tempo, Willian inverteu a jogada para Filipe Luís, que apareceu sozinho na esquerda e chutou forte. Robinho ainda construiria uma jogada aos 38, entrando pelo meio e tocando para uma conclusão ruim de Willian. E foi essa a criação ofensiva do Brasil no primeiro tempo contra a Venezuela. É muito pouco.
O time com Neymar centralizado e Fred e Willian abertos pelos lados era previsível no ataque e muito dependente das jogadas de Neymar. As entradas de Coutinho e Robinho deram mais controle de bola e mobilidade, mas o Brasil segue se ressentindo de mais criatividade na frente. Ainda há pouca movimentação na frente, poucas jogadas de ultrapassagem, quase nada de infiltração.
O Brasil não é só Neymar, mas precisa de mais jogo coletivo no ataque – até porque Dunga tem o mérito de montar um time mais coeso na defesa. O segundo gol, em que Willian aposta na jogada individual e Roberto Firmino aparece dentro da área para concluir, é um caminho que o time de Dunga precisa perseguir para furar a dedicada defesa do Paraguai.
FONTE: YAHOO
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