País enfrenta queda acentuada no nível de reservatórios de hidrelétricas.
Horário de verão deve levar a economia de água de 0,4%, diz governo.
Em meio ao agravamento da situação nos reservatórios das principais
hidrelétricas do país, entrou em vigor neste domingo (19) o horário de
verão. A expectativa do governo é que a redução no consumo de energia no
período contribua com uma queda de 0,4% no uso da água dessas represas.
A 39ª edição do horário de verão terá duração de 126 dias e terminará
no dia 22 de fevereiro. À 0h (meia-noite) de sábado para domingo, os
moradores de dez estados, além do Distrito Federal, adiantaram os
relógios em uma hora.
Economia de água
Para especialistas do setor elétrico, a economia de água dos reservatórios das hidrelétricas, apesar de pequena, é importante diante do cenário de crise. Por conta da falta de chuvas, na quinta (16) o nível nos reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste, que respondem por 70% da capacidade do país de gerar energia, estava em 22,09%, o pior resultado para essa época desde 2001, quando o país passou por racionamento.
“Essa economia [de 0,4%] não é de se jogar fora diante da atual
circunstância”, diz Roberto Brandão, pesquisador do Grupo de Estudos do
Setor Elétrico (Gesel), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
“Os benefícios não são gigantescos, mas ainda são significativos,
continua valendo a pena. Qualquer economia de água dos reservatórios é
válida”, diz o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.
De acordo com dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS),
entre 2010 e 2014 o horário de verão resultou em economia de R$ 835
milhões para os consumidores, devido à eletricidade que deixou de ser
gerada pelo uso da luz do sol. Para a edição 2014/2015 do horário de
verão, a economia estimada é de R$ 278 milhões, 31% menos do que na
edição passada (R$ 405 milhões).
Esses valores, porém, são muito pequenos diante dos gastos do setor
elétrico e não chegam ter impacto nas contas de luz. Apenas os
empréstimos bancários para fazer frente aos gastos extras no setor
elétrico em 2014 vão custar aos consumidores R$ 26,6 bilhões, de acordo
com o Tribunal de Contas da União (TCU).
Benefícios
Além da economia de energia, o governo defende a manutenção do horário de verão alegando que a medida evita investimentos de cerca de R$ 4 bilhões ao ano, com mais geração e sistemas de transmissão de eletricidade. Segundo o Ministério de Minas e Energia, ele permite um melhor aproveitamento da luz solar e “maior racionalidade no uso da eletricidade.”
Além da economia de energia, o governo defende a manutenção do horário de verão alegando que a medida evita investimentos de cerca de R$ 4 bilhões ao ano, com mais geração e sistemas de transmissão de eletricidade. Segundo o Ministério de Minas e Energia, ele permite um melhor aproveitamento da luz solar e “maior racionalidade no uso da eletricidade.”
Outra vantagem, diz o ministério, é o aumento da segurança do sistema
elétrico e maior flexibilidade para a realização de manutenções, além de
redução da pressão sobre o meio ambiente e nas tarifas cobradas pelo
serviço. O horário de verão foi aplicado no Brasil pela primeira vez no
verão de 1931/1932.
Consumo na ponta
Entretanto outro efeito do horário de verão, que é o de evitar picos de consumo de energia no chamado horário de ponta (entre 18h e 21h), “perdeu um pouco da relevância” nos últimos anos, aponta Roberto Brandão, da UFRJ.
Entretanto outro efeito do horário de verão, que é o de evitar picos de consumo de energia no chamado horário de ponta (entre 18h e 21h), “perdeu um pouco da relevância” nos últimos anos, aponta Roberto Brandão, da UFRJ.
Por conta do aumento no uso do ar-condicionado no país, mais
recentemente os picos de consumo de eletricidade durante o verão
começaram a ser registrados no início ou meio da tarde, entre 14h e 16h.
Na quinta (16), por exemplo, ele aconteceu às 14h47, informou Brandão.
No passado, esse pico era registrado entre 18h e 21h, devido ao aumento
do consumo gerado pelo uso de eletrodomésticos quando as pessoas saem
do trabalho e voltam para as suas casas, junto com a iluminação pública
nas cidades.
“Nos últimos anos, o horário de verão perdeu um pouco da sua relevância
porque houve mudança no padrão de horário de ponta no Brasil”, diz o
pesquisador. Ele aponta, porém, que continua sendo importante equilibrar
a demanda por energia no fim do dia.
Para o professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília
(UnB), Rafael Shayani, o horário de verão continua sendo importante
para “evitar a sobrecarga” do sistema elétrico durante o verão e até
mesmo apagões. “O horário de verão é necessário na medida em que a
demanda por energia no Brasil está crescendo e o setor elétrico não
consegue acompanhá-la. Ela visa evitar um apagão”, diz ele.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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