A tarde desta terça-feira (9) foi de emoção em rua do bairro dos Ipês, em Pilar do Sul (SP). A menina de 10 anos que foi agredida depois de uma tentativa de estupro recebeu alta médica e deixou o hospital em Sorocaba (SP) onde ficou internada por 11 dias. O momento que marcou a volta para a casa foi o reencontro da criança com Kiara, a cachorra de estimação que mordeu o estuprador no momento em que ela era atacada e agredida na cabeça.
Segundo a mãe, os especialistas explicaram à família que a menina sofreu um traumatismo craniano leve devido à pancada desferida pelo agressor com um pilão. Ela não teve sequelas. No entanto, a menina sente dor em uma das pernas e não consegue andar normalmente. Lindinalva afirmou que ortopedistas fizeram avaliação, mas nenhuma lesão foi encontrada. “Eles acreditam que ela teve alguma torção no tornozelo. Ela irá receber acompanhamento médico por alguns dias”, comenta.
O G1 acompanhou a volta da criança e registrou o reencontro. A menina foi recebida pela cachorra ainda na rua; antes que a criança descesse do carro, Kiara já fazia festa. Já quando a menina saiu do veículo, teve de se sentar no meio da rua porque não conseguiu sair do lugar. A cadela pulava e lambia a dona em demonstração de carinho. A menina foi às lágrimas enquanto dizia 'obrigada por me salvar, Kiara!'.
A recepção festiva da cadela para a menina foi acompanhada por vizinhos e parentes da vitima. Todos se emocionaram. A mãe da criança, a dona de casa Lindinalva dos Santos também chorou com o reencontro com a cadela. Ela não tinha visto o animal de estimação porque ficou com a filha no hospital durante os 11 dias de internação - a menina ficou em coma induzido por cinco dias devido ao ferimento na cabeça.
Ainda na rua, Kiara não sai de perto da dona
Lindinalva abraça a cachorra enquanto vizinha se emociona ao ver a criança (Foto: Gláucia Souza/G1)
Com a filha em casa e bem, o pai diz que toda a situação foi um alerta para a família. “Nós nunca fomos de deixar ela sozinha em casa, mas a partir de agora ela vai estar comigo ou com a mãe todo o tempo. A gente nunca imaginava que uma coisa dessa pudesse acontecer, ainda mais aqui no nosso bairro que é muito tranquilo. Quero que a nossa história sirva de exemplo para outros pais. Não quero que outros passem pelo que nós passamos”, diz.
Já a menina deixa um recado. “Quero falar às meninas da minha idade para nunca deixarem nenhum estranho entrar em casa. Foi um pesadelo o que aconteceu comigo. Ainda bem que eu tinha a Kiara”, disse.
O crime de tentativa de estupro contra a criança ocorreu em 30 de agosto, mas só foi descoberto na última quinta-feira (4), depois que a menina saiu do coma e contou sobre o que a agressão que tinha sofrido.
A criança estava sozinha na casa dos pais. Eles tinham saído para trabalhar e deixado a menina com o irmão mais velho que mora nos fundos com a mulher. Durante a tarde, a vítima estava na calçada em frente a casa quando foi abordada por um homem que pediu um copo d’água. A menina entrou na casa para pegar a água e o agressor foi atrás dele. Ele tentou violentá-la.
Agressor bateu na cabeça da criança com o pilão (Foto: Gláucia Souza / G1)
O agressor fugiu antes que alguém percebesse o crime. A criança conseguiu sair para rua e começou a gritar. Os vizinhos vieram ao encontro da menina e viram que ela estava com ferimento na cabeça. A criança desmaiou na rua e foi levada para o Hospital Regional de Sorocaba. Devido ao traumatismo craniano, os médicos a colocaram em coma induzido e a criança ficou desacordada durante cinco dias. Antes dela acordar, a família e vizinhos achavam que ela tinha caído da laje já que costumava subir em uma parte do teto da casa que tem acesso.
A vizinha Gilcinea Domingues Martins foi uma das que se emocionou com o retorno da criança para a casa. Ela disse que no dia que a menina foi agredida, foi uma das primeiras pessoas a ver a vítima. A dona de casa relembra que ao ver a menina na calçada ferida, correu para dentro da casa para chamar a cunhada da criança. Segundo ela, a cachorra estava agitada e chegou a mordê-la também. “Eu fiquei assustada e corri para rua de novo porque a Kiara nunca ataca na rua. Só se entrarem no portão. No entanto, a gente nem imaginava o que havia ocorrido”, ressalta.
Marca no agressor seria a mordida da cachorra (Foto: Divulgação/ Polícia Civil Pilar do Sul)
O delegado responsável pelo inquérito, Milton Andreoli, afirma que o suspeito de 42 anos negou que as marcas sejam da mordida do animal. “Em depoimento, ele disse que os ferimentos não se tratam de mordidas, e negou que tenha tentado abusar da criança e bater na cabeça dela. Mas, a própria vítima o reconheceu, e testemunhas afirmaram tê-lo visto na região no dia do incidente. Muitas provas comprometem a situação dele”, explica.
Irmão e pai da menina ficam emocionados com o reencontro (Foto: Gláucia Souza / G1)
Cachorra acompanha menina por toda a casa (Foto: Gláucia Souza / G1)
Magdiel Alves Santos, irmão da menina, com Kiara, a vira-lata heroína (Foto: Gláucia Souza / G1)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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