domingo, 16 de março de 2014

Considerada infértil, empresária engravida três vezes de forma natural

Moradora de Campinas tem endometriose nível grave e já fez laqueadura.
Especialista explica que probabilidade de casos assim estão abaixo de 1%.

Marcello Carvalho Do G1 Campinas e Região
Diagnosticada como infértil, Elaine tem três filhos e está na quarta gravidez (Foto: Elaine Coimbra/Arquivo Pessoal)Diagnosticada como infértil, Elaine está na 4ª gravidez (Foto: Elaine Coimbra/Arquivo Pessoal)
 
Diagnosticada com endometriose de nível grave, a empresária Elaine da Silva Coimbra, de 38 anos, moradora de Campinas (SP), foi avisada pelos médicos, quando ainda tinha 19 anos, que as chances de engravidar de forma natural seriam menores de 1%. Após passar por vários tratamentos durante 10 anos e fazer inseminação artificial, ela conseguiu engravidar do primeiro filho. Quatro anos depois, descobriu que esperava o segundo filho e fez uma laqueadura na sequência ao parto. Mesmo assim, foi surpreendida pela terceira gestação e, hoje, à espera do quarto bebê, é apontada como caso raro por especialistas.

“Eu sempre ouvi que por causa endometriose eu estava infértil e nunca iria conseguir engravidar. Até por inseminação e fertilização a chance era mínima. Eu sou laqueada e ouvi dos dois médicos que eu tive que eu não iria conseguir. Eu considero praticamente um milagre”, conta a empresária. Prestes a completar o terceiro mês da quarta gravidez, ela divide a rotina entre cuidar das crianças e comandar o próprio negócio, um salão de beleza, na região do Ouro Verde em Campinas.

Mãe de Gustavo, de 8 anos, Henrique, de 3 anos, e Beatriz, de 1 ano, Elaine aguarda a chegada de mais uma criança sem entender como conseguiu ter três gestações de maneira natural. Por saber que tinha endometriose e que era infértil, a empresária nunca havia tomado anticoncepcional ou usado outros métodos contraceptivos por não ver tal necessidade. “Antes de ter o segundo filho, eu nunca tomei anticoncepcional porque não precisava, diziam que eu nunca ia engravidar. Estou muito feliz com meus filhos, mas não quero mais engravidar”, afirma.

Menos de 1%
Para o médico obstetra Marcos Carvalho, o caso de Elaine é muito raro e o índice das mulheres que têm endometriose de grau elevado e conseguem engravidar é de menos de 1%. Sobre a empresária ser laqueada, o especialista acredita que a explicação é que uma das trompas se reconstruiu e permitiu que ela engravidasse novamente. “Eu fiquei impressionado. É muito raro mesmo. Podemos dizer que essa mulher foi abençoada, isso é quase impossível de acontecer”, revela.

Diagnosticada como infértil, Elaine tem três filhos e está na quarta gravidez (Foto: Marcello Carvalho/G1)Diagnosticada como infértil, Elaine está na 4ª gravidez (Foto: Marcello Carvalho/G1)
 
Durante a cirurgia de laqueadura, Elaine teve uma trompa retirada e a outra, por estar muito próxima ao útero e ter risco de prejudicar outros órgãos, foi apenas cortada. Por isso, o médico obstetra aconselha que para evitar uma nova gravidez a empresária faça outra cirurgia para retirar esse pedaço da trompa. “Um procedimento de retirada de útero é muito radical, ela tem que tentar retirar a trompa que ainda falta para ter certeza de que ela não vai se reconstruir de novo”, explica Marcos Carvalho.

A médica obstetra Leonor Teixeira Coelho que acompanhou Elaine nos partos afirmou que poucas vezes viu casos assim. Ela admite que não acreditava que a paciente conseguiria engravidar e chegou a dizer que um filho de maneira natural não seria possível. Após a laqueadura, a médica receitou que a empresária tomasse anticoncepcional de uso contínuo por seis meses e, mesmo assim, ela engravidou do terceiro filho.

“Eu acho o caso dela muito interessante porque tem três situações que a impossibilitariam de engravidar. Uma endometriose que causa infertilidade, ela é laqueada e tomou anticoncepcional durante seis meses após ter o segundo filho. É um caso a ser estudado, só aconteceu porque a medicina não é matemática”, explica a médica.

É um caso a ser estudado. Só aconteceu porque medicina não é matemática"
Leonor Coelho, médica de Elaine
 
Luta de anos
Elaine casou com Marcos Clédio quando tinha 19 anos e um ano depois descobriu a endometriose, doença que causa infertilidade e provoca sangramento, de grau 4 – o mais grave. Após tratar a doença durante nove anos no Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e fazer tratamentos paralelos em hospitais e clínicas de fertilização em São Paulo (SP) durante nove anos, ela quase desistiu de engravidar.

Na última tentativa, a empresária vendeu o carro, na época avaliado em R$ 18 mil, para fazer um processo de fertilização, que na época custava de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Aconselhada por um médico, que sabia que as chances de gravidez eram pequenas, ela tentou a inseminação artificial antes, já que o tratamento era mais barato (R$ 2 mil), e conseguiu engravidar.

“O médico disse que as minhas chances eram pequenas e por isso não valia a pena gastar tanto dinheiro com a fertilização", relembra. Hoje, na quarta gestação, ela explica que quer parar de engravidar para não ter que fazer mais mudanças em sua vida e que pretende colocar um dispositivo intraulterino (DIU) e retirar o útero depois de um ano do nascimento do filho que está esperando. "Apesar de termos uma situação financeira estável, eu tive muitas mudanças na minha vida. Vou ter que comprar todas as coisas de bebê de novo, comprar um carro de sete lugares, são muitos elementos, por isso não posso engravidar mais", explicou.

Diagnosticada como infértil, Elaine tem três filhos e está na quarta gravidez (Foto: Elaine Coimbra/Arquivo Pessoal)Diagnosticada como infértil, Elaine tem 3 filhos e está na 4ª gravidez (Foto: Elaine Coimbra/Arquivo Pessoal)









FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
 

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