Bruce Lee em 'O voo do dragão' (Foto: Divulgação)
Há 40 anos, no dia 20 de julho de 1973, Bruce Lee morreu, vítima de um
edema cerebral. Com apenas 32 anos, ele já era um mito das artes
marciais e também estava prestes a se consagrar no cinema, já que
“Operação dragão”, seu primeiro filme produzido por um estúdio de
Hollywood, estrearia em
Hong Kong seis dias depois.
O longa, dono do maior orçamento que um filme de artes marciais já
havia tido até então, estenderia ao resto do mundo a fama da qual já
desfrutava na Ásia, embora tenha nascido nos Estados Unidos. Depois de
estrear como ator ainda criança, Lee já havia feito diversos filmes
chineses desde a década de 40, mas apenas a partir dos anos 60 se tornou
conhecido também no ocidente.
Seu primeiro papel de destaque foi como Kato, em uma série de TV sobre o
Besouro verde. O mesmo personagem também deu a ele a chance de aparecer
em alguns episódios de “Batman” e rendeu convites para pequenas pontas
em outros programas. No cinema, porém, seu primeiro filme a chamar a
atenção nos Estados Unidos foi “O dragão chinês”, de 1971, e ele faria
apenas outros três antes de morrer, dirigindo um deles.
Dono de uma técnica ainda hoje inigualável, Lee era capaz de façanhas
como praticar dezenas de flexões usando apenas o dedão e o indicador,
trocar a moeda que alguém segurava antes que a pessoa fechasse a mão,
apanhar com um par de hashis grãos de arroz jogados para o alto, jogar
tênis de mesa usando nunchaku como raquetes e acertar um soco a uma
distância de quase um metro em apenas cinco centésimos de segundo, entre
muitas outras.
Sua velocidade, aliás, era tão impressionante que exigia cuidados
especiais durante as gravações. Em vez dos tradicionais 24 frames por
segundo, seus golpes eram filmados em 32 frames e as cenas eram
desaceleradas para que fosse possível enxergar o que ele havia feito.
Inspiração para diversos lutadores que se tornaram atores e para
incontáveis filmes de ação, Bruce Lee deixou um filme inacabado que,
ironicamente, rendeu uma de suas imagens mais clássicas. Em “O jogo da
morte”, lançado cinco anos depois de seu falecimento, ele “atua” graças a
imagens de arquivo e truques de edição, e aparece em cena com o famoso
macacão amarelo, homenageado depois por Quentin Tarantino em “Kill
Bill”.
Lembre a seguir os principais trabalhos de Bruce Lee na TV e no cinema.
Besouro verde (1966/1967)
Van Williams e Bruce Lee em 'Besouro verde' (Foto: Divulgação)
A estreia de Bruce Lee como ator nos Estados Unidos aconteceu quando
ele ganhou o papel de Kato, o fiel assistente do herói mascarado Besouro
Verde em uma série de TV. Ele participou de 26 episódios em 1966 e
1967, mas, também como Kato, apareceu ainda em três episódios de
“Batman”, embora tenha sido creditado em apenas dois.
Detetive Marlowe em ação (1969)
Bruce Lee e James Garner em 'Detetive Marlowe em ação' (Foto: Divulgação)
A primeira aparição de Lee em um filme gravado nos Estados Unidos foi
no papel de Winslow Wong, um mestre de kung fu que ameaçava o
protagonista (interpretado por James Garner) e tentava convencê-lo a se
afastar da investigação de um caso.
James Franciscus e Bruce Lee em 'Longstreet' (Foto: Divulgação)
Seu papel seguinte foi o de Li Tsung, um instrutor de artes marciais
que apareceu em quatro episódios de uma série de TV protagonizada por
James Franciscus. Lee entrou no programa para dar aulas de defesa
pessoal ao investigador de seguros Mike Longstreet, que havia ficado
cego após a explosão de uma bomba.
Bruce Lee em 'O dragão chinês' (Foto: Divulgação)
Lee foi assistente do roteirista e diretor Lo Wei em um filme que,
supostamente, serviria para promover o ator James Tien, na época
bastante popular em Hong Kong. Mas, no papel de um chinês que se muda
para a Tailândia e vai trabalhar em uma fábrica de gelo, Lee acabou
ofuscando Tien e se tornou um astro na Ásia. Na época de seu lançamento,
o longa se tornou dono da maior bilheteria da história em Hong Kong, e o
recorde só foi batido justamente pelo filme seguinte do ator.
Bruce Lee em 'A fúria do dragão' (Foto: Divulgação)
Bruce Lee é considerado um dos responsáveis pela retomada da
popularidade do cinema de Hong Kong, tirando o foco das tradicionais
lutas com espadas e destacando o uso dos golpes manuais. E, nesse
sentido, seu trabalho mais influente foi o filme no qual interpreta um
jovem aprendiz chinês de artes marciais que, para vingar a morte de seu
mestre e defender a honra de seu país, enfrenta diversos lutadores
japoneses.
Chuck Norris e Bruce Lee em 'O voo do dragão' (Foto: Divulgação)
A estreia de Lee como diretor aconteceu em uma comédia que ele também
escreveu, produziu e protagonizou. Como Tang Lung, um jovem que vai a
Roma para ajudar seu tio a cuidar de um restaurante ameaçado pela máfia
local, ele encarava bandidos armados e também os melhores lutadores do
mundo. O principal deles, a quem enfrentou na clássica sequência final,
no Coliseu, foi interpretado por Chuck Norris, que teve no filme seu
primeiro papel de destaque e se tornou seu amigo pessoal e grande
admirador, chegando a ajudar a carregar o caixão em seu funeral.
Bruce Lee em 'Operação dragão' (Foto: Divulgação)
O último filme de Lee foi também o primeiro de artes marciais a ser
produzido por um grande estúdio de Hollywood, mas só chegou às telas
após sua morte. Na história, ele era um respeitado lutador que aceitava
um desafio para participar de um torneio promovido por um rival
desonesto. Os futuros astros de filmes de ação Jackie Chan e Bolo Yeung
tiveram pequenos papéis e também atuaram como dublês em diversas
sequências.
Bruce Lee em 'Jogo da morte' (Foto: Divulgação)
O filme dos sonhos de Bruce Lee serviria para apresentar o Jeet Kune
Do, um complexo conceito criado por ele, combinando filosofia e artes
marciais. Mas, depois de gravar cerca de 100 minutos, ele recebeu o
convite para participar da superprodução “Operação dragão” e fez uma
pausa. Com planos de retomar em breve o projeto, acabou morrendo sem
conseguir terminá-lo. No entanto, reunindo parte do material já gravado,
cenas de arquivos antigos e recorrendo a dublês usando disfarces
ridículos como barbas e óculos escuros gigantes, um filme completamente
diferente foi feito. O novo roteiro, em nada parecido com o original,
incluiu Billy Lo (papel de Lee) se fingindo de morto para escapar dos
inimigos, o que justificaria os tais disfarces. O detalhe mórbido, no
entanto, é que cenas do verdadeiro funeral do ator - inclusive um close
de seu rosto dentro do caixão - foram aproveitadas na sequência em que o
personagem simula sua morte. Não satisfeitos, os responsáveis pela
bizarrice ainda lançaram um “Jogo da morte 2” em 1981, mas, ao menos
desta vez, mataram Lo de verdade logo no início, usando poucas cenas de
arquivo de Lee.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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