Padre Cícero
Cícero Romão Batista | |
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Padre Cícero com cerca de oitenta anos | |
São Cícero do Juazeiro, Padim Cíço | |
Canonização | 1973, Maceió por Igreja Católica Apostólica Brasileira |
Festa litúrgica | 20 de julho |
Portal dos Santos |
Cícero Romão Batista (Crato, 24 de março de 1844 — Juazeiro do Norte, 20 de julho de 1934) foi um sacerdote católico brasileiro. Na devoção popular, é conhecido como Padre Cícero ou Padim Ciço. Carismático, obteve grande prestígio e influência sobre a vida social, política e religiosa do Ceará bem como do Nordeste.
Em março de 2001, foi escolhido "O Cearense do Século" em votação promovida pela TV Verdes Mares em parceria com a Rede Globo de televisão.
Em julho de 2012, foi eleito um dos "100 maiores brasileiros de todos os tempos" em concurso realizado pelo SBT com a BBC.
Biografia
Proprietário de terras, de gado e de diversos imóveis, Cícero fazia parte da sociedade e política conservadora do sertão do Cariri. Sempre teve o médico Floro Bartolomeu como o seu braço direito, e integrava o sistema político cearense que ficou sob o controle da família Accioli durante mais de 2 décadas.
Nascido no interior do Ceará,
era filho de Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana,
conhecida como dona Quinô. Ainda aos 6 anos, começou a estudar com o
professor Rufino de Alcântara Montezuma.
Um fato importante marcou a sua infância: o voto de castidade feito aos 12 anos, influenciado pela leitura da vida de São Francisco de Sales.
Em 1860, foi matriculado no colégio do renomado padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras na Paraíba. Aí pouco demorou, pois a inesperada morte de seu pai, vítima de cólera em 1862,
o obrigou a interromper os estudos e voltar para junto da mãe e das
irmãs solteiras. A morte do pai, que era pequeno comerciante no Crato,
trouxe sérias dificuldades financeiras à família de tal sorte que, mais
tarde, em 1865, quando Cícero Romão Batista precisou ingressar no Seminário da Prainha, em Fortaleza, só o fez graças à ajuda de seu padrinho de crisma, o coronel Antônio Luís Alves Pequeno.
Ordenação
Durante o período em que esteve no seminário, Cícero era considerado
um aluno mediano e, apesar de anos depois arrebatar multidões com seus
sermões, apresentou notas baixas nas disciplinas relacionadas à oratória
e eloquência.
Cícero foi ordenado padre no dia 30 de novembro de 1870. Após sua ordenação retornou ao Crato e, enquanto o bispo não lhe dava paróquia para administrar, ficou a ensinar latim no Colégio Padre Ibiapina, fundado e dirigido pelo professor José Joaquim Teles Marrocos, seu primo e grande amigo.
Chegada a Tabuleiro Grande
No Natal de 1871,
convidado pelo professor Simeão Correia de Macedo, o padre Cícero
visitou pela primeira vez o povoado de Juazeiro (numa fazenda localizada
na povoação de Juazeiro, então pertencente à cidade do Crato), e ali
celebrou a tradicional missa do galo.
O padre visitante, então aos 28 anos, estatura baixa, pele branca,
cabelos louros, penetrantes olhos azuis e voz modulada, impressionou os
habitantes do lugar. E a recíproca foi verdadeira. Por isso, decorridos
alguns meses, exatamente no dia 11 de abril de 1872, lá estava de volta,
com bagagem e família, para fixar residência definitiva no Juazeiro.
Muitos livros afirmam que Padre Cícero resolveu fixar morada em
Juazeiro devido a um sonho (ou visão) que teve, segundo o qual, certa
vez, ao anoitecer de um dia exaustivo, após ter passado horas a fio a
confessar as pessoas do arraial, ele procurou descansar no quarto
contíguo à sala de aulas da escolinha, onde improvisaram seu alojamento,
quando caiu no sono e a visão que mudaria seu destino se revelou. Ele
viu, conforme relatou aos amigos íntimos, Jesus Cristo e os doze apóstolos sentados à mesa, numa disposição que lembra a última Ceia, de Leonardo da Vinci.
De repente, adentra ao local uma multidão de pessoas carregando seus
parcos pertences em pequenas trouxas, a exemplo dos retirantes
nordestinos. Cristo, virando-se para os famintos, falou da sua decepção
com a humanidade, mas disse estar disposto ainda a fazer um último
sacrifício para salvar o mundo. Porém, se os homens não se arrependessem
depressa, Ele acabaria com tudo de uma vez. Naquele momento, Ele
apontou para os pobres e, voltando-se inesperadamente ordenou: - E você, Padre Cícero, tome conta deles!
Apostolado
Uma vez instalado, formado por um pequeno aglomerado de casas de taipa e uma capelinha erigida pelo primeiro capelão-padre Pedro Ribeiro de Carvalho, em honra a Nossa Senhora das Dores,
padroeira do lugar, ele tratou inicialmente de melhorar o aspecto da
capelinha, adquirindo várias imagens com as esmolas dadas pelos fiéis.
Depois, tocado pelo ardente desejo de conquistar o povo que lhe fora
confiado por Deus, desenvolveu intenso trabalho pastoral com pregação,
conselhos e visitas domiciliares, como nunca se tinha visto na região.
Dessa maneira, rapidamente ganhou a simpatia dos habitantes, passando a
exercer grande liderança na comunidade.
Paralelamente, agindo com muita austeridade, cuidou de moralizar os
costumes da população, acabando pessoalmente com os excessos de
bebedeira e com a prostituição.
Restaurada a harmonia, o povoado experimentou, então, os passos de
crescimento, atraindo gente da vizinhança curiosa por conhecer o novo
capelão.
Para auxiliá-lo no trabalho pastoral, o padre Cícero resolveu, a exemplo do que fizera Padre Ibiapina, famoso missionário nordestino falecido em 1883, recrutar mulheres solteiras e viúvas para a organização de uma irmandade leiga, formada por beatas, sob sua inteira autoridade.
Atuou sempre com zelo na recepção dos imigrantes, dentre eles pode-se destacar José Lourenço Gomes da Silva, líder do Caldeirão de Santa Cruz do Deserto.
Suposto milagre
No ano de 1889, durante uma missa celebrada pelo padre Cícero, a hóstia ministrada pelo sacerdote à religiosa Maria de Araújo
se transformou em sangue na boca da religiosa. Segundo relatos, tal
fenômeno se repetiu diversas vezes durante cerca de dois anos.
Rapidamente espalhou-se a notícia de que acontecera um milagre em
Juazeiro.
A pedido de padre Cícero a diocese formou uma comissão de padres e
profissionais da área da saúde para investigar o suposto milagre. A
comissão tinha como presidente o padre Clycério da Costa e como
secretário o padre Francisco Ferreira Antero, contava, ainda, com a
participação dos médicos Marcos Rodrigues Madeira e Ildefonso Correia
Lima, além do farmacêutico Joaquim Secundo Chaves. Em 13 de outubro de
1891, a comissão encerrou as pesquisas e chegou à conclusão de que não
havia explicação natural para os fatos ocorridos, sendo portanto um
milagre.
Insatisfeito com o parecer da comissão, o bispo Dom Joaquim José
Vieira nomeou uma nova comissão para investigar o caso, tendo como
presidente o padre Alexandrino de Alencar e como secretário o padre
Manoel Cândido. A segunda comissão concluiu que não houve milagre, mas
sim um embuste.
Dom Joaquim se posicionou favorável ao segundo parecer e, com base
nele, suspendeu as ordens sacerdotais de padre Cícero e determinou que Maria de Araújo, que viria a morrer em 1914, fosse enclausurada.
Em 1898, padre Cícero foi a Roma, onde se reuniu com o Papa Leão XIII e com membros da Congregação do Santo Ofício, conseguindo sua absolvição. No entanto, ao retornar a Juazeiro, a decisão do Vaticano foi revista e padre Cícero teria sido excomungado, porém, estudos realizados décadas depois pelo bispo Dom Fernando Panico sugerem que a excomunhão
não chegou a ser aplicada de fato. Atualmente, Dom Fernando conduz o
processo de reabilitação do padre Cícero junto ao Vaticano.
Em 1973, foi canonizado pela Igreja Católica Apostólica Brasileira (diferente da Igreja Católica Apostólica Romana).
Política
Era filiado ao extinto Partido Republicano Conservador (PRC). Foi o primeiro prefeito de Juazeiro do Norte, em 1911, quando o povoado foi elevado a cidade. Em 1926 foi eleito deputado federal, porém não chegou a assumir o cargo.
Em 4 de outubro de 1911,
o padre Cícero e outros 16 líderes políticos da região se reuniram em
Juazeiro e firmaram um acordo de cooperação mútua bem como o compromisso
de apoiar o governador Antônio Pinto Nogueira Accioli. O encontro recebeu a alcunha de Pacto dos Coronéis, sendo apontado como uma importante passagem na história do coronelismo brasileiro.
Em 1913, foi destituído do cargo pelo governador Marcos Franco Rabelo, voltando ao poder em 1914, quando Franco Rabelo foi deposto no evento que ficou conhecido como Sedição de Juazeiro. Foi eleito, ainda, vice-governador do Ceará.
Ao fim dos anos 20, o padre Cícero começou a perder a sua força política, que praticamente acabou depois da Revolução de 1930. Seu prestígio como santo milagreiro, porém, aumentaria cada vez mais.
Ligação com o cangaço
Virgulino Ferreira da Silva,
o Lampião, era devoto de padre Cícero e respeitava as suas crenças e
conselhos. Os dois se encontraram uma única vez, em Juazeiro do Norte,
em 1926. Naquele ano, a Coluna Prestes, liderada por Luís Carlos Prestes, percorria o interior do Brasil desafiando o Governo Federal. Para combatê-la foram criados os chamados Batalhões Patrióticos, comandados por líderes regionais que muitas vezes arregimentavam cangaceiros.
Existem duas versões para o encontro. Na primeira, difundida por
Billy Jaynes Chandler, o sacerdote teria convocado Lampião para se
juntar ao Batalhão Patriótico de Juazeiro, recebendo em troca, anistia
de seus crimes e a patente de Capitão. Na outra versão, defendida por Lira Neto e Anildomá Willians, o convite teria sido feito por Floro Bartolomeu sem que padre Cícero soubesse.
O certo é que ao chegarem em Juazeiro, Lampião e os 49 cangaceiros
que o acompanhavam, ouviram padre Cícero aconselhá-los a abandonar o
cangaço. Como Lampião exigia receber a patente que lhe fora prometida,
Pedro de Albuquerque Uchoa, único funcionário público federal no
município, escreveu em uma folha de papel que Lampião seria, a partir
daquele momento, Capitão e receberia anistia por seus crimes. O bando
deixou Juazeiro sem enfrentar a Coluna Prestes.
pessoas falavam dos milagres do Padre Cícero como estátua era uma ave
que ele descansava, após ao falecimento do Padrinho, ao corta árvores
ela gemeu e derramou sangue, o cortador da árvore fez uma promessa com o
próprio Padre Cícero , fazeria uma estátua dele no lugar da árvore por
isso que hoje em dia existe a estátua do Padre Cícero e fora outros
milagres acontecidos.
Falecimento
O padre Cícero faleceu em Juazeiro do Norte em 20 de julho de 1934, aos 90 anos. Encontra-se sepultado na Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro na mesma cidade do Ceará.
FONTE: WIKIPÉDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE
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