Gugu Liberato, um dos maiores nomes da TV
brasileira, morreu aos 60 anos em Orlando, nos Estados Unidos, anunciou na última
sexta-feira (22) a sua assessoria de imprensa. Ele estava internado desde
quarta-feira (20) passada, em um hospital da cidade, depois de sofrer uma queda em
casa e bater a cabeça.
A morte encefálica foi confirmada pelo
médico Guilherme Lepski, neurocirurgião brasileiro chamado pela família. Ele
diz que Gugu voltou de viagem à Ásia na própria quarta. Ao subir ao sótão, para
verificar o ar-condicionado, pisou em uma área feita de gesso (drywall) e caiu
no chão da cozinha, de uma altura de quatro metros. Com a queda, bateu a cabeça
e sofreu uma fratura na têmpora direita.
De acordo com a assessoria, o corpo deve chegar
ao Brasil até a próxima quinta-feira (28) e o velório será aberto ao público em um salão da Assembleia
Legislativa de São Paulo (Alesp).
Um dos motivos para a demora no
traslado é que, segundo a família, Gugu expressou em vida o desejo de ser
doador de órgãos. Só depois desse processo que o corpo será levado para o
Brasil.
Gugu foi um dos principais apresentadores da TV do Brasil. Entre 1981 e 2003, foi destaque no
SBT no comando de programas de auditório que foram sucessos na época, como
"Viva a noite" e "Domingo legal". Em 2009, assinou contrato
com a TV Record, onde continuou a atuar como apresentador.
Ao longo da carreira, iniciada aos 14
anos, como auxiliar de produção de Silvio Santos, que na época tinha um
programa na TV Globo, trabalhou ainda como empresário, cantor e ator.
Artistas, amigos e apresentadores lamentaram a morte de Gugu. Dentre eles, Angélica, Ana Maria
Braga, Luciano Huck. O presidente Jair Bolsonaro também lamentou a morte do
apresentador. "O país perde um dos maiores nomes da comunicação
televisiva, que por décadas levou informação e alegria aos lares brasileiros.
Que Deus o receba de braços abertos e conforte os corações de todos”.
Gugu tinha três filhos com a médica
Rose Miriam di Matteo: João Augusto, de 18 anos, e as gêmeas Marina e Sophia,
de 15 anos.
'Viva a noite': o 1º
sucesso de Gugu
Antônio Augusto Moraes Liberato nasceu
na Lapa, bairro de classe média de São Paulo, em 10 de abril de 1959. Filho
caçula de portugueses, tinha dois irmãos, Amandio Liberato e a numeróloga
Aparecida Liberato.
Fã de Silvio Santos, conseguiu se
aproximar do apresentador aos 13 anos ao lhe entregar uma carta. Um ano depois,
começou a trabalhar na TV como auxiliar de produção do empresário, que na época
tinha um programa na TV Globo.
Em 1982, Gugu passou a apresentar seu
primeiro grande sucesso na então TVS: o programa "Viva a noite". A
atração, que alavancou sua carreira, teve destaque por trazer números musicais
de artistas em alta na época.
Em 1987, Gugu assinou contrato com a
Rede Globo, mas Silvio Santos foi pessoalmente conversar com o jornalista
Roberto Marinho e conseguiu a liberação do apresentador.
Silvio iria passar por uma cirurgia
delicada e precisava de Gugu para assumir boa parte da programação de domingo
no SBT.
Na emissora, Gugu comandou outros
programas e quadros de auditório com gincanas, famosos e atrações musicais,
como "Sabadão sertanejo" e "Corrida maluca", além do game
show “Passa ou repassa”.
Em 1993, estreou outro grande sucesso,
"Domingo legal", que comandou por 16 anos.
No programa, o apresentador esteve à
frente de quadros como “Táxi do Gugu”, “Banheira do Gugu” e “Gugu na minha
casa”. Também apresentou números musicais e comandou brincadeiras de palcos com
artistas convidados.
Na atração, Gugu também eternizou a
música “Pintinho amarelinho”, cantando e dançando repetidas vezes no palco.
Gugu deixou o programa e o SBT em 2009,
quando assinou contrato com a TV Record. Na nova emissora, foi apresentador de
programas que levavam seu nome, antes de passar a comandar reality shows como
"Power Couple Brasil" e "Canta Comigo".
Desde 2013, os programas comandados por
ele eram produzidos e gerados direto dos estúdios da sua produtora, a GGP
Produções, criada em 2000.
Ao longo da carreira, ganhou diversos
prêmios, como um disco de ouro, 11 estatuetas do Troféu Imprensa e o Troféu
Internet em 2005.
Gugu foi empresário,
cantor e ator
Gugu ganhou projeção nacional por
apresentar programas no SBT e na Record, mas sua história foi além do comando
das atrações televisivas. Ele também foi empresário, cantor e ator.
Na adolescência, Gugu trabalhou como
office-boy. Nos intervalos, escrevia cartas para seu ídolo Silvio Santos. Aos
14 anos, foi convidado para integrar a produção do apresentador.
Ele continuou a carreira como produtor
por um período, mas não gostou da função e começou a estudar odontologia.
Chegou a fazer dois anos do curso, mas acabou voltando definitivamente para a
televisão. Ele também estudou jornalismo.
Ao longo da carreira, Gugu Liberato
teve vários brinquedos atrelados a seu nome e até um parque aquático, que
encerrou as atividades em 2002.
No mesmo ano, o apresentador lançou o
álbum "Gugu para crianças", com músicas infantis. Também virou
personagem em quadrinhos no "Almanaque do Gugu", distribuído entre as
décadas de 1980 e 1990.
Gugu também atuou no cinema ao lado de
Xuxa, Angélica, Os Trapalhões e outros. Em alguns filmes, como “O Noviço
Rebelde”, “O Casamento dos Trapalhões” e “Os Fantasmas Trapalhões”, interpretou
a si próprio em cena.
Em outros, como “Xuxa e os Duendes” e
“Padre Pedro e a Revolta das Crianças”, deu vida a personagens como o Duende da
Inveja e o Padre Sebastião.
Acidente
De acordo com o comunicado divulgado na
última sexta pela família, Gugu “sofreu uma queda acidental de uma altura de
quatro metros [na quarta-feira] quando fazia um reparo no ar-condicionado
instalado no sótão” de sua casa em Orlando.
No quinta-feira, chegou a ser divulgado
que ele caiu ao preparar a decoração de Natal, informação que não foi
confirmada posteriormente.
Após a queda, o apresentador bateu a
cabeça em uma quina. No momento do acidente, ele estava acompanhado de Rose
Miriam, com quem tem três filhos.
A equipe de resgate levou entre cinco e
dez minutos para chegar e socorrer Gugu, que foi levado ao Health Medical
Center, onde permaneceu na Unidade de Terapia Intensiva, com diagnóstico de
sangramento intracraniano.
Em razão do quadro grave, não foi
indicada cirurgia. De acordo com Lepski, o risco de morte em caso de
descompressão seria de 70% em um período de três a quatro meses.
No período de observação, segundo o comunicado,
“foi constatada a ausência de atividade cerebral”.
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