Escola recontou a história do Brasil a partir de
heróis negros e índios. Viúva de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em
março do ano passado, desfilou na última ala.
A Mangueira é a grande campeã do carnaval
2019 do Rio de Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano foram
rebaixadas.
O G1 acompanhou
ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (6), diretamente
da Marquês de Sapucaí.
Para conquistar o seu 20º título, a
Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da
resistência negros e índios em
vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.
O
enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro
Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira
exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.
O carnavalesco Leandro Vieira, que
conquistou o segundo campeonato da sua carreira, também celebrou a vitória.
"A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma escola que faz carnaval
para representar uma comunidade importante.
Vitória de ponta a ponta
A Mangueira liderou a disputa de ponta
a ponta. A escola e a Viradouro tiveram uma competição apertada nos primeiros
três quesitos, mas, a partir do quarto, de alegorias e adereços, a Mangueira
assumiu a primeira posição sozinha até o final da apuração das notas.
A escola verde e rosa apenas perdeu três
décimos durante toda a apuração, mas estas notas mais baixas foram descartadas
na pontuação final.
Trajetória no carnaval do Rio
No ano passado, a Mangueira ficou em 5º
lugar, com um samba-enredo que exaltou a simplicidade do carnaval. A campeã foi a Beija-Flor. A última vez que a verde e rosa
levou o troféu foi em 2016, quando homenageou a cantora Maria Bethânia.
Ranking de títulos no carnaval
Com a vitória neste ano, a Mangueira
chegou ao seu 20º título no carnaval do Rio de Janeiro, apenas dois a menos que
a maior campeã, a Portela.
Destaques do desfile
·
O segundo carro
apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra
apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os
bandeirantes exploravam o Brasil
·
Uma ala com passistas, a
bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de
escravos
·
O samba citou Marielle
Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de
Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta
(PSOL) desfilaram à frente da última ala
Com 3.500 componentes, a escola verde e
rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o
massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha.
Foram recontadas batalhas entre índios
e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e
sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50
anos.
Um grupo de musas da comunidade chamou
a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene,
matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a
escravidão no Maranhão.
Outro
momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por
mulheres.
O quarto carro contou a história de
Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos
no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região.
As alas seguintes apresentaram
caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário)
e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da
Mangueira simbolizou "A história que a história não conta", mais uma
vez questionando as lições ensinadas nas escolas.
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