sábado, 9 de março de 2019

Mangueira é a campeã do carnaval 2019 do Rio















 


Escola recontou a história do Brasil a partir de heróis negros e índios. Viúva de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em março do ano passado, desfilou na última ala.


Mangueira é a grande campeã do carnaval 2019 do Rio de JaneiroA Imperatriz Leopoldinense e a Império Serrano foram rebaixadas.

G1 acompanhou ao vivo a apuração das notas, que aconteceu na tarde desta quarta-feira (6), diretamente da Marquês de Sapucaí. 

Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa, com destaque para heróis da resistência negros e índios em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.

O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.

O carnavalesco Leandro Vieira, que conquistou o segundo campeonato da sua carreira, também celebrou a vitória. "A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma escola que faz carnaval para representar uma comunidade importante.

Vitória de ponta a ponta


A Mangueira liderou a disputa de ponta a ponta. A escola e a Viradouro tiveram uma competição apertada nos primeiros três quesitos, mas, a partir do quarto, de alegorias e adereços, a Mangueira assumiu a primeira posição sozinha até o final da apuração das notas.

A escola verde e rosa apenas perdeu três décimos durante toda a apuração, mas estas notas mais baixas foram descartadas na pontuação final.

Trajetória no carnaval do Rio


No ano passado, a Mangueira ficou em 5º lugar, com um samba-enredo que exaltou a simplicidade do carnaval. A campeã foi a Beija-Flor. A última vez que a verde e rosa levou o troféu foi em 2016, quando homenageou a cantora Maria Bethânia.

Ranking de títulos no carnaval


Com a vitória neste ano, a Mangueira chegou ao seu 20º título no carnaval do Rio de Janeiro, apenas dois a menos que a maior campeã, a Portela.

Destaques do desfile


·         O segundo carro apresentou uma releitura do Monumento às Bandeiras, em São Paulo. A obra apareceu manchada de sangue, em referência à forma violenta com a qual os bandeirantes exploravam o Brasil
·         Uma ala com passistas, a bateria e outras partes do desfile deram destaque às rebeliões e fugas de escravos
·         O samba citou Marielle Franco, vereadora do PSOL morta a tiros em março do ano passado. A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala

Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas tropas de Portugal e da Espanha.

Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses, com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, em um conflito de mais de 50 anos.

Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção por representar importantes mulheres negras, como Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão no Maranhão.

Outro momento de representação feminina foi um dos carros foi empurrado apenas por mulheres.

O quarto carro contou a história de Chico da Matilde. O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque de escravos no Ceará e foi importante para abolição da escravidão na região.

As alas seguintes apresentaram caricaturas que caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira simbolizou "A história que a história não conta", mais uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas.



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