segunda-feira, 4 de julho de 2016

Rondon Pacheco morre em Uberlândia aos 96 anos

Ele ficou internado para tratar pneumonia, teve alta e morreu em casa.

Rondon foi chefe do Gabinete Civil no regime militar e votou o AI-5.


Rondon Pacheco Uberlândia (Foto: Reprodução/TV Integração)
Rondon Pacheco foi ex-governador de Minas Gerais (Foto: Reprodução/TV Integração)


Morreu, na madrugada desta segunda-feira (4) em Uberlândia, o político mineiro Rondon Pacheco, aos 96 anos. A informação foi confirmada pelos familiares. O corpo será velado no Palácio dos Leões, no Museu Municipal, e o sepultamento será às 17h no Cemitério São Pedro.
Rondon Pacheco morreu por volta das 2h30 da madrugada em casa. Por 18 dias, esteve internado em um hospital particular de Uberlândia para tratamento de uma pneumonia grave e havia recebido alta na última semana. Antes, Rondon esteve hospitalizado no Rio de Janeiro, de onde foi transferido para a cidade mineira.
Entre os cargos ocupados durante a trajetória política estão o de governador de Minas Gerais e ministro-chefe da Casa Civil durante o governo do presidente Arthur Costa e Silva. Em homenagem ao conterrâneo e proprietário rural de Uberlândia, uma das principais vias urbanas da cidade, bem como um dos teatros, levam o nome de Avenida Governador Rondon Pacheco e Teatro Rondon Pacheco.
Filho de Raulino Cota Pacheco e Nicolina dos Santos Pacheco, Rondon nasceu no dia 31 de julho de 1919 em Uberlândia, antes chamada de São Pedro de Uberabinha. Iniciou o curso de Direito na terra natal e, em seguida, foi para a capital Belo Horizonte onde concluiu os estudos, advogou e iniciou a carreira pública.
Rondon deixa esposa, duas filhas, um casal de netos e três bisnetos.
Político Rondon Pacheco (Foto: Close Comunicação  )Político mineiro foi homenageado em documentário de produtora de Uberlândia   (Foto: Close Comunicação )
Autoridades políticas lamentam morte
Fernando Pimentel, governador de Minas Gerais:
"O ex-governador Rondon Pacheco é parte importante da história do Brasil e de Minas Gerais, com destacado papel na promoção do desenvolvimento econômico. Como governador do Estado, deixo, a seus amigos e familiares, uma palavra de conforto neste momento de dor".

Aécio Neves, senador por Minas Gerais:
"Rondon Pacheco foi um homem público admirável que para sempre estará inscrito na nossa história. Preocupado com o desenvolvimento do Estado, foi o responsável pela instalação da Fiat em Minas Gerais. Político conciliador, nunca deixou de participar, mesmo já com a idade avançada, dos momentos importantes para os mineiros. Tive a honra de receber dele, em diversas ocasiões, o mesmo apoio e confiança que manifestou a Tancredo na eleição para Presidência da República. Trazia Minas, em especial o Triângulo e sua gente, sempre em seu coração e em sua mente. É um dia triste para todos nós mineiros."

Carreira política e homenagens
Conforme histórico disponibilizado pelo Governo de Minas e Assembleia Legislativa de Minas Gerais (por meio de um dos livros da "Coleção Memória Política de Minas"), Rondon Pacheco se elegeu deputado estadual em 1947 e foi primeiro-secretário da Assembleia.

Avenida Rondon Pacheco em Uberlândia (Foto: Divulgação/PMU/Secom)Uma das principais vias da cidade leva o nome de Rondon Pacheco (Foto: Divulgação/PMU/Secom)
Também foi presidente do Diretório Acadêmico Afonso Pena e, após o mandato na Assembleia, foi eleito deputado federal por Minas para os pleitos de 1951 a 1971 e 1983 a 1987 compondo, por determinado período, a Comissão de Constituição e Justiça e Comissão de Transportes.
O político mineiro liderou a União Democrática Nacional (UDN) de 1959 a 1961, partido pelo qual auxiliou na fundação junto ao amigo e político Pedro Aleixo. Foi Secretário do Interior e Justiça de Minas Gerais, ministro-chefe da Casa Civil no governo do presidente Costa e Silva e governador entre 1971 e 1975 após indicação de Emílio Médici, presidente da República na época. Em 1992, foi eleito membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Rio de Janeiro onde ficou morando.
Ainda dando continuidade às homenagens a uma das grandes personalidades mineiras, uma produtora local lançou o documentário “Algodão entre Espelhos”, em 2012, que aborda a trajetória política de Rondon Pacheco e tem como tema central “Desenvolvimento de Minas Gerais nas décadas de 60 e 70".
Principais pontos da trajetória política
A vida política começou em 1947 ao ser eleito para a Constituinte Estadual daquele ano. O uberlandense foi autor de uma emenda que permitiu a aprovação do projeto que criava a assistência social ao fomento da agricultura, sendo grande defensor cooperativismo e se mostrar contra a intervenção estatal. Se aliou a movimentos conservadores que apoiaram a destituição de João Goulart da presidência da República.

Após o golpe militar de 64, Rondon assumiu cadeira no alto escalão do governo do presidente Arthur da Costa e Silva em 1966. Como chefe do Gabinete Civil, esteve entre os personagens que participaram da aprovação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), no dia 13 de dezembro de 1968, que deu plenos poderes ao regime militar e suspendeu várias garantias constitucionais.
No Congresso Federal, como deputado, trabalhou em prol do desenvolvimento econômico da região do Triângulo Mineiro, especialmente, Uberlândia. Depois foi governador e, entre as principais ações como chefe de Estado, estão a instalação da Krupp Indústria Mecânica e da Fiat; a criação do 1° Plano Mineiro de Desenvolvimento Econômico e Social, da Secretaria de Estado da Indústria, Comércio e Turismo, do Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC), do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) e da Casa Guimarães Rosa em Cordisburgo; a construção da Central de Abastecimento (Ceasa-MG), hidrelétrica de São Simão e da Termelétrica Igarapé.


FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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