Entre discursos e entrevistas, presidente fez 19 pronunciamentos em março.
Maior quantidade foi nas semanas anterior e posterior às manifestações.
A presidente Dilma Rousseff dobrou neste mês de março o número de pronunciamentos públicos em relação ao mês anterior. Ela intensificou a quantidade de pronunciamentos do segundo mandato especialmente nas semanas anterior e posterior às manifestações de rua do último domingo (15).
Entre discursos e entrevistas coletivas, a presidente fez dois pronunciamentos em janeiro, nove em fevereiro e 19 em março. Nas duas últimas semanas de março – antes e depois das manifestações do dia 15 –, Dilma fez oito pronunciamentos em cada uma. Na média, mais de um por dia (veja no quadro abaixo).
AS FALAS DE DILMA NO SEGUNDO MANDATO
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Período
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Discursos
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Entrevistas
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Total
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1 a 10 de janeiro
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1
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0
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1
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11 a 17 de janeiro
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0
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0
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0
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18 a 24 de janeiro
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0
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0
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0
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25 a 31 de janeiro
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1
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0
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1
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Total / Janeiro
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2
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1 a 7 de fevereiro
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2
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0
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2
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8 a 14 de fevereiro
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0
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0
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0
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15 a 21 de fevereiro
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0
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1
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1
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22 a 28 de fevereiro
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4
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2
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6
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Total / fevereiro
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9
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1 a 7 de março
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2
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1
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3
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8 a 14 de março
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5
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3
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8
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15 a 21 de março
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5
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3
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8
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Total / março
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19
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Os pronunciamentos públicos ganham espaço na imprensa e por isso costumam ter mais repercussão do que outras atividades de governo da presidente. O aumento da frequência das falas públicas de Dilma neste mês coincidiu com a intensificação da crise política que o governo enfrenta.
De acordo com o Blog do Camarotti, o chamado "núcleo duro" do governo avalia que o prolongado silêncio da presidente no início do mandato permitiu que crescesse a desaprovação do governo porque ela não fazia o enfrentamento político e não respondia às críticas – em janeiro, Dilma fez somente dois pronunciamentos públicos, um dos quais o do discurso de posse.
Em março, além das manifestações que levaram milhares às ruas em protestos contra o governo em várias cidades do país, Dilma sofreu dificuldades políticas principalmente na relação com o Congresso Nacional.
O episódio mais recente foi a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes, que entrou em conflito com a Câmara dos Deputados – o PMDB exigiu a saída do ministro. O caso voltou a alimentar a hipótese de uma reforma ministerial pouco mais de dois meses do início do segundo mandato de Dilma. O vice-presidente Michel Temer afirmou que a reforma "pode vir", mas Dilma negou – "não tem reforma", declarou.
A situação mais emblemática do desgaste político do governo foi o panelaço do dia 8 em várias cidades do país, durante o pronunciamento da presidente em cadeia nacional de rádio e TV, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Na ocasião, ela pediu "paciência" à população. Uma semana depois, a insatisfação com o governo foi detectada por pesquisa do instituto Datafolha, realizada no dia dos protestos (15 de março), e que indicou o nível mais baixo da popularidade da presidente desde o primeiro mandato (13% de aprovação e 62% de reprovação).
Neste mês, a presidente também sofreu desgaste com as críticas de aliados. No último dia 11, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), afirmou que o governo "envelheceu". Antes, ele impôs dificuldades ao governo, ao devolver, sem colocar em votação, uma medida provisória enviada pelo governo sobre a desoneração da folha de pagamento das empresas.
Na última segunda, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a corrupção "está no Executivo" e não no Legislativo. Além disso, segundo informou o Blog do Camarotti, em meio à crise a presidente se desentendeu com o antecessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contrariado com a condução política do governo.
As falas de Dilma
Confira abaixo todos os eventos públicos em que Dilma fez pronunciamentos neste ano:
Março
- Dia 20: cerimônia de colheita do arroz ecológico, em Eldorado do Sul (RS) (discurso e entrevista)
- Dia 19:- assinatura da MP da dívida dos clubes de futebol, em Brasília (DF) (discurso e entrevista)
- Dia 19: assinatura da ordem de serviço para início das obras do BRT Norte-Sul, em Goiânia (GO) (discurso)
- Dia 18: lançamento do pacote anticorrupção, em Brasília (discurso)
- Dia 16: sanção do novo Código de Processo civil, em Brasília (discurso e entrevista)
- Dia 12: inauguração da primeira etapa das obras do Porto do Futuro (RJ) (discurso e entrevista)
- Dia 11: entrega de unidades habitacionais em Rio Branco (AC) (discurso e entrevista)
- Dia 10: abertura da feira da construção civil, em São Paulo (SP) (discurso e entrevista)
- Dia 9: sanção da lei que tipifica feminicídio, em Brasília (discurso e entrevista)
- Dia 8: pronunciamento na TV pelo Dia Internacional da Mulher (discurso)
- Dia 6: entrega de unidades habitacionais em Araguari (MG) (discurso e entrevista)
- Dia 1: aniversario de 450 anos do Rio de Janeiro (RJ) (discurso)
Fevereiro
- Dia 28: inauguração do Parque Eólico de Artilleros, no Uruguai (discurso e entrevista)
- Dia 27: inauguração do parque eólico de Geribatu (RS) (discurso)
- Dia 26: lançamento do programa Bem Mais Simples, em Brasília (discurso e entrevista)
- Dia 25: entrega de unidades habitacionais em Feira de Santana (BA) (discurso e entrevista)
- Dia 5: posse do ministro dos Assuntos Estrategicos, Mangabeira Unger (discurso)
- Dia 3: inauguração da Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande (MS) (discurso)
Janeiro
- Dia 28: III Cúpula da Celac, na Costa Rica (discurso)
- Dia 1º: posse presidencial (discurso)
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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