Cerimônia está aberta ao público desde às 8h desta quinta (25).
Músico, que sofria de câncer de pulmão, morreu na terça (23) em SP.
Liv
Moraes se despede do pai, Dominguinhos. Ao lado, Saviano do Acordeon,
irmão de Guadalupe, ex-mulher do músico, presta sua homenagem (Foto:
Katherine Coutinho/G1)
O corpo do cantor e compositor Dominguinhos está sendo velado, na manhã desta quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), no bairro da Boa Vista, área central do Recife.
O artista faleceu na última terça (23) no Hospital Sírio Libanês, em
São Paulo, em decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. Com o
dia ainda escuro, alguns fãs do artista já aguardam em uma fila
organizada do lado de fora da Assembleia.
Na porta da Alepe, o filho de Dominguinhos, Mauro José Silva de Moraes,
se aproximou para ouvir as homenagens dos fãs, que cantam a obra do
sanfoneiro. Um dos artistas que foi ao local logo cedo prestar homenagem
foi o cantor de forró Alcymar Monteiro. Junto com os fãs, ele entoava
músicas de Dominguinhos.
Na fila, a historiadora paulista Eloá Chouzal estava emocionada. "Eu
não o conheci, apenas através da música. Estou aqui trabalhando em uma
pesquisa para o museu de Luiz Gonzaga, não podia deixar de me despedir. A
cultura sofre hoje de várias formas, ele era um grande músico e uma
grande pessoa", afirma Eloá.
Amigo da família de longa data, o bancário e pesquisador Paulo
Vanderley conta que sempre vai lembrar da genialidade musical de
Dominguinhos. "Só que, por incrível que pareça, quando o conhecia, ele
era um ser humano superior ao músico. Vou guardar muitas lembranças
dele", diz, emocionado, Vanderley.
Logo cedo a família já aguardava ao lado do caixão. Saviano do
Acordeon, irmão de Guadalupe, prestou uma homenagem ao ex-cunhado
tocando canções do músico. O prefeito do Recife, Geraldo Julio, também
chegou cedo para prestar uma última homenagem ao músico pernambucano.
"Esse é um momento de muita dor para todos. Dominguinhos deixa para nós
duas grandes lições. A primeira é o talento, a importância da música,
não só para o forró, mas a música como um todo como um caminho para uma
vida melhor para nossos jovens. A segunda é a luta pela vida, ele lutou
até o final", afirma o prefeito.
O cantor Alcymar Monteiro aponta que Dominguinhos é uma verdadeira
escola para os músicos que surgem agora. "Luiz Gonzaga inventou o forró,
mas Dominguinhos o modernizou tanto em sua forma, quanto em seu
conteúdo. Todos deveriam estudar sua obra", defende.
Indefinido
A ex-mulher e amiga de Dominguinhos, Guadalupe Mendonça, também esteve presente no velório na capital pernambucana. Ela contou que estava sem dormir há quase 48 horas com as organizações do velório em São Paulo e no Recife, mas ainda não tinha nenhum horário e local definido para o enterro. "Não temos previsão. Estou deixando tudo acontecer", relatou, na manhã desta quinta-feira (25). Em entrevista, Guadalupe se mostrou em paz com a morte dele. "Estou feliz, estou feliz porque sei que ele está aqui. Sou espiritualista, eu sinto. Os últimos meses haviam sido difíceis, não dava mais, estava sem controle. Acho até que ele escolheu e eu senti aliviada por ele. Ele foi tranquilo", disse Guadalupe.
Quando o portões se abriram, às 8h da manhã, os fãs e pessoas que
aguardavam do lado de fora puderam entrar no local ao som do acordeon de
Saviano, irmão de Guadalupe. Para ele, tocar no velório de Dominguinhos
é uma forma de retribuir todos os ensinamentos do sanfoneiro. "Ele me
dizia 'pratique, pratique, nunca pare. Continue animando o povo'. Isso
para mim é minha vida, tocar sanfona", afirmou o músico. "Eu viajei boa
parte do mundo e a gente não sente o carisma que Dominguinhos passava
para as pessoas em cima de um palco. Ele cantava e tocava como se a
sanfona fosse parte dele e ele, parte da sanfona", disse o acordeonista.
Cezzinha, um dos músicos da atual geração que herda o estilo musical de
Dominguinhos, declarou que tem muito a levar de ensinamentos do
falecido ídolo. O principal deles tem a ver com bondade. "Simplicidade e
dar oportunidade aos amigos. Querer o bem de tudo e deixando a música
em primeiro lugar, com o coração", disse o artista. Comparado a
Dominguinhos em diversos aspectos, o músico disse que isso não o
incomodava e se sente até lisonjeado com os comentários, de forma que
pretende levar o nome adiante. "Ele é meu ídolo maior, convivi com ele.
Fico muito feliz em poder lembrar isso tudo de uma forma séria e
correta. Relembrar um artista que sempre teve compromisso com a cultura e
arte da terra. Ele está bem melhor agora, a gente aqui vai fazer nossa
parte para não deixar a cultura cair", concluiu.
São Paulo
O corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo desde a madrugada de quarta (24) e partiu para o Recife às 23h10 do mesmo dia. O velório no Recife estará aberto ao público a partir das 8h a pedido da família, já que os parentes ainda não tiveram um momento sozinhos com o corpo na capital paulista. Ainda não há informações sobre data e local do enterro do cantor - cemitérios em Paulista, no Grande Recife, e em Garanhuns, no Agreste, são as principais opções.
O corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo desde a madrugada de quarta (24) e partiu para o Recife às 23h10 do mesmo dia. O velório no Recife estará aberto ao público a partir das 8h a pedido da família, já que os parentes ainda não tiveram um momento sozinhos com o corpo na capital paulista. Ainda não há informações sobre data e local do enterro do cantor - cemitérios em Paulista, no Grande Recife, e em Garanhuns, no Agreste, são as principais opções.
O artista morreu aos 72 anos. Ele lutava havia seis anos contra um
câncer de pulmão. De acordo com o hospital, o músico morreu às 18h em
decorrência de complicações infecciosas e cardíacas. Ao longo do
tratamento, ele desenvolveu insuficiência ventricular, arritmia cardíaca
e diabetes. Dominguinhos foi transferido para a capital paulista em 13
de janeiro. Antes, esteve internado por um mês em um hospital no Recife.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
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