Equipe de críquete da África do Sul posa para foto nesta quarta-feira (18) com estudantes em cerimônia de homenagem aos 100 anos do nascimento de Nelson Madela (Foto: Ishara S. Kodikara/AFP)
Após décadas de um regime racista branco, Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul em 1994.
Cem anos após o nascimento de Nelson Mandela, a África
do Sul presta nesta quarta-feira (18) uma homenagem a este ícone da luta contra
o Apartheid com uma marcha simbólica liderada por sua viúva, Graça Machel, e um
fórum organizado pelo ex-presidente americano Barack Obama.
Todos os anos, o
"Mandela Day", que marca o nascimento em 18 de julho de 1918 de
"Madiba", o apelido do líder sul-africano, é comemorado em todo o
mundo. "Atuem, inspirem-se na mudança, façam de cada dia um Dia
Mandela", exorta a fundação que leva seu nome.
100 anos de Nelson Mandela
"Mandiba" foi considerado um dos
maiores heróis da luta dos negros pela igualdade de direitos no país e foi um
dos principais responsáveis pelo fim do regime racista do apartheid, vigente
entre 1948 e 1993. Ele morreu no dia 5 de dezembro de 2013, aos 95 anos. Entre
outras distinções, recebeu em vida o prêmio Nobel da Paz.
Na terça-feira (17), em
um discurso em um estádio em Joanesburgo para 15 mil pessoas, o ponto alto das
comemorações em homenagem a "Madiba", Barack Obama lembrou "a
onda de esperança que tomou conta do mundo" depois da libertação de
Mandela.
O líder foi solto da
prisão em 2 fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão. Quatro anos depois, sem
derramar sangue após décadas de um regime racista branco, Mandela se tornou o
primeiro presidente negro da África do Sul, cargo que ocupou até 1999.
O país inteiro homenageia
Mandela com shows, exposições, torneios esportivos e publicação de livros. Seu
rosto sorridente também ilustra novas cédulas de dinheiro.
Graça Machel, terceira e
última esposa de Nelson Mandela, que faleceu em 2013, vai liderar uma marcha em
Joanesburgo até o Tribunal Constitucional, um lugar altamente simbólico,
sinônimo da chegada da democracia na África do Sul em 1994.
Homenagem de Obama
Já Barack Obama falará para cerca de 200
jovens que participam de uma formação sobre liderança organizada por sua
fundação em Joanesburgo.
Barack Obama discursa em evento de homenagem a Nelson Mandela na África do Sul (Foto: Gianluigi Guercia/AFP)
Na véspera, o ex-presidente denunciou
um mundo de "incertas e estranho", em um discurso cheio de
ataques velados a seu sucessor, Donald Trump. Ele atacou os políticos
"autoritários" que recorrem à "política do medo" e
"apenas mentem".
"Graças a seu
sacrifício e a sua forte liderança, e talvez ainda mais a seu exemplo moral,
Mandela (...) personalizou as aspirações das pessoas desfavorecidas",
lançou Obama em uma homenagem emocionante a um "gigante da História".
"Isso mostra a nós,
que acreditamos na liberdade e na democracia, que teremos que lutar ainda mais
para reduzir a pobreza", acrescentou.
Também criticou os
políticos por negarem a mudança climática. "Eu não posso concordar com
alguém que diz que a mudança climática não existe, quando todos os cientistas
afirmam o contrário", declarou, referindo-se a uma das primeiras decisões
de Trump ao chegar à Casa Branca de retirar os Estados Unidos do acordo climático
de Paris.
Cyril Ramaphosa: 'Terra
prometida'
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa,
protegido de Nelson Mandela, comemorou o evento na cidade natal de
"Madiba" em Mvezo, na província de Cabo Oriental, no sudeste, onde
inaugurou uma clínica.
Mandela "nos
conduziu da brutalidade do conflito e da opressão à terra prometida, uma terra
de liberdade, democracia e igualdade", disse ele.
País menos igualitário
A África do Sul, que é a maior potência
industrial do continente africano, é atualmente o país menos igualitário do
mundo, de acordo com o Banco Mundial.
Quase 25 anos após o fim
oficial do Apartheid, porém, a pobreza persiste na África do Sul, a economia
desmorona, e o racismo continua alimentando tensões.
Muitos questionam os
sucessores de "Madiba" e a corrupção que gangrena a alta cúpula do
Estado, especialmente sob a presidência de Jacob Zuma (2009-2018).
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