Daniel Gonzaga assina a homenagem que a Estácio de
Sá fará ao músico no primeiro dia de desfile da Série A, no Sambódromo.
A primeira vez
desfilando na passarela do samba ninguém esquece. Mas desfilar como autor de
samba-enredo, não é para qualquer um. Apesar de ser cria do samba, esse ano vai
ser a primeira vez que o cantor Daniel Gonzaga, de 41 anos, entra na Sapucaí na
pele de compositor: é dele a autoria do samba que vai embalar a Estácio de Sá.
Ele venceu a disputa da escola que, neste ano, homenageia Gonzaguinha, músico,
compositor e pai de Daniel, morto há 25 anos.
"Estou
feliz de voltar para a Sapucaí, mas dessa vez como autor de samba-enredo. Já
desfilei algumas vezes, mas desta vez vai ter um gosto especial", diz ele
que, em 2016, chegou a concorrer com um samba também na Estácio, mas acabou
perdendo. "Quando perdi, não queria mais pisar numa escola de samba. Dois
meses depois, meu amigo me ligou e falou: 'ano que vem tem mais'. Na mesma
hora, me empolguei."
Com a música
sempre presente em sua vida, Daniel acabou seguindo os passos do pai e do avô,
Luiz Gonzaga, assim como de suas irmãs. Carioca da gema, o cantor acumula em
sua carreira 7 CDs e agora se prepara para lançar um DVD.
"Meu avô
foi tocar na maternidade quando eu nasci. A música sempre esteve presente na
minha vida", conta.
Daniel e seus parceiros de
samba da Estácio (Foto: Marcelo Moura/Divulgação)
Filho mais
velho do casamento de Gonzaguinha com Ângela Porto Carreiro, Daniel tinha
apenas 16 anos quando o pai morreu em um trágico acidente de carro, no Paraná,
em 1991.
"Foi muito
difícil na época, mas precisei seguir em frente. E, agora, poder homenagear meu
pai é gratificante", diz o cantor que completa 42 anos no dia 27 de
fevereiro, dia da apuração do grupo de acesso: "Se a gente ganhar, vai ser
um presente maravilhoso. Vou sair da apuração direto para comemorar".
Daniel conta
que não foi tão simples escrever um samba sobre Gonzaguinha.
"Ao
escrever o samba a gente sempre busca se ater à sinopse. Esse é o trabalho mais
difícil. É técnico", diz o músico. "Mas pensamos logo em aliar sua
poesia à nossa, deixando o samba de fácil compreensão e memorização. Penso que
o meu pai ia se divertir bastante com esse processo. A parte harmônica, a
bateria. Creio que ele daria bastante 'pitaco'. Com certeza se emocionaria
bastante", diz.
O samba também
fará menção ao Morro de São Carlos, lugar que Gonzaguinha nasceu e frequentou e
berço da Estácio de Sá. Filho do Rei do Baião, o cantor enveredou para o
caminho da MPB e suas canções de protesto marcaram época, como "O que é, o
que é?" , "Vida de viajante" e "Com a perna no mundo".
Em 2017, a
escola volta para Série A com o samba "É! O moleque desceu o São Carlos,
pegou um sonho e partiu com a Estácio" e será a 6ª escola a desfilar na
sexta-feira, dia 24 de fevereiro.
"Quisemos
passar a imagem de Gonzaga... De que a vida é bonita e pode e deve ser vivida.
De que a poesia ainda tem o seu lugar. Que o compositor é um observador do
cotidiano e um caminho para a memória do nosso passado. E o nosso passado tem
muito valor na construção de um futuro melhor", explica Daniel.
Emoção não vai
faltar. Os versos do samba fazem referência aos grandes sucessos de
Gonzaguinha: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar a emoção de
um aprendiz, a vida é um grito de alerta, um ponto de interrogação, é bonita! O
que diga lá meu leão".
De acordo com o
carnavalesco Tarcísio Zanon, toda a energia do garoto do morro do São Carlos
estará representada nas coreografias.
"Vai ter
muita dança e alegria. As novidades ficam por conta da utilização de técnicas
modernas de impressão digital, aliadas a técnicas antigas de decoração de
carnaval. E a aposta será a emoção de nossa comunidade em reviver esse grande
poeta, filho do morro do São Carlos", adianta o carnavalesco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário