terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Filho de Gonzaguinha estreia como autor de samba-enredo na Sapucaí

Daniel Gonzaga assina a homenagem que a Estácio de Sá fará ao músico no primeiro dia de desfile da Série A, no Sambódromo.



A primeira vez desfilando na passarela do samba ninguém esquece. Mas desfilar como autor de samba-enredo, não é para qualquer um. Apesar de ser cria do samba, esse ano vai ser a primeira vez que o cantor Daniel Gonzaga, de 41 anos, entra na Sapucaí na pele de compositor: é dele a autoria do samba que vai embalar a Estácio de Sá. Ele venceu a disputa da escola que, neste ano, homenageia Gonzaguinha, músico, compositor e pai de Daniel, morto há 25 anos.

"Estou feliz de voltar para a Sapucaí, mas dessa vez como autor de samba-enredo. Já desfilei algumas vezes, mas desta vez vai ter um gosto especial", diz ele que, em 2016, chegou a concorrer com um samba também na Estácio, mas acabou perdendo. "Quando perdi, não queria mais pisar numa escola de samba. Dois meses depois, meu amigo me ligou e falou: 'ano que vem tem mais'. Na mesma hora, me empolguei."

Com a música sempre presente em sua vida, Daniel acabou seguindo os passos do pai e do avô, Luiz Gonzaga, assim como de suas irmãs. Carioca da gema, o cantor acumula em sua carreira 7 CDs e agora se prepara para lançar um DVD.

"Meu avô foi tocar na maternidade quando eu nasci. A música sempre esteve presente na minha vida", conta.

Daniel e seus parceiros de samba da Estácio (Foto: Marcelo Moura/Divulgação)

Filho mais velho do casamento de Gonzaguinha com Ângela Porto Carreiro, Daniel tinha apenas 16 anos quando o pai morreu em um trágico acidente de carro, no Paraná, em 1991.

"Foi muito difícil na época, mas precisei seguir em frente. E, agora, poder homenagear meu pai é gratificante", diz o cantor que completa 42 anos no dia 27 de fevereiro, dia da apuração do grupo de acesso: "Se a gente ganhar, vai ser um presente maravilhoso. Vou sair da apuração direto para comemorar".

Daniel conta que não foi tão simples escrever um samba sobre Gonzaguinha.

"Ao escrever o samba a gente sempre busca se ater à sinopse. Esse é o trabalho mais difícil. É técnico", diz o músico. "Mas pensamos logo em aliar sua poesia à nossa, deixando o samba de fácil compreensão e memorização. Penso que o meu pai ia se divertir bastante com esse processo. A parte harmônica, a bateria. Creio que ele daria bastante 'pitaco'. Com certeza se emocionaria bastante", diz.

O samba também fará menção ao Morro de São Carlos, lugar que Gonzaguinha nasceu e frequentou e berço da Estácio de Sá. Filho do Rei do Baião, o cantor enveredou para o caminho da MPB e suas canções de protesto marcaram época, como "O que é, o que é?" , "Vida de viajante" e "Com a perna no mundo".

Em 2017, a escola volta para Série A com o samba "É! O moleque desceu o São Carlos, pegou um sonho e partiu com a Estácio" e será a 6ª escola a desfilar na sexta-feira, dia 24 de fevereiro.
"Quisemos passar a imagem de Gonzaga... De que a vida é bonita e pode e deve ser vivida. De que a poesia ainda tem o seu lugar. Que o compositor é um observador do cotidiano e um caminho para a memória do nosso passado. E o nosso passado tem muito valor na construção de um futuro melhor", explica Daniel.

Emoção não vai faltar. Os versos do samba fazem referência aos grandes sucessos de Gonzaguinha: "Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar a emoção de um aprendiz, a vida é um grito de alerta, um ponto de interrogação, é bonita! O que diga lá meu leão".

De acordo com o carnavalesco Tarcísio Zanon, toda a energia do garoto do morro do São Carlos estará representada nas coreografias.

"Vai ter muita dança e alegria. As novidades ficam por conta da utilização de técnicas modernas de impressão digital, aliadas a técnicas antigas de decoração de carnaval. E a aposta será a emoção de nossa comunidade em reviver esse grande poeta, filho do morro do São Carlos", adianta o carnavalesco.




FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO

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