Buracos e entulhos em calçadas são os obstáculos mais frequentes.
Escola de Cegos tenta orientar alunos para melhorar mobilidade.
Com
a calçada bloqueada por metralha, José Cícero precisa andar pela rua
para conseguir seguir seu trajeto. (Foto: Jonathan Lins/G1)
A reportagem do G1 acompanhou um deficiente visual que estuda na Escola de Cegos Cyro Accioly, no centro de Maceió, e pode observar que até em ruas próximas ao prédio da escola pública a falta de acessibilidade é um transtorno para os deficientes. José Cícero da Silva, 38, perdeu a visão há dois anos e passa pelo desafio de reaprender a andar nas ruas e fazer as tarefas simples do dia a dia.
Calçadas desniveladas e com buracos são problemas frequentes enfrentados pelos deficientes. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Acompanhado de uma instrutora, ele saiu pelas ruas no entorno da escola de cegos para demonstrar o quanto as questões de mobilidade são importantes para atender a demanda de milhares de pessoas com deficiência que circulam pela cidade.
Ao começar o trajeto, bastou José Cícero passar pelo portão da escola para se deparar com as primeiras barreiras. São buracos, veículos estacionados indevidamente nas calçadas, entulho e lixo nos pontos de circulação de pessoas, além de correntes que delimitam espaço para estacionamento; tudo isso espalhado ao longo de calçadas irregulares.
“É muito difícil andar sozinho. Um percurso curto pode demorar um tempo enorme. Como já enxerguei, ainda tenho mais noção dos lugares que vou, mesmo assim é bastante complicado”, relataou José Cícero.
José Cícero tem dificuldade passa passar entre placa e veículo estacionado na calçada. (Foto: Jonathan Lins/G1)
José Cícero relatou que já perdeu as contas de quantas vezes se deparou com empecilhos nas ruas da capital alagoana. “Já esbarrei em orelhão e placas espalhadas. Acho que o poder público deveria fiscalizar melhor as ruas, principalmente lugares de maior concentração de pessoas, como o centro da cidade. Nós somos cidadãos. Temos o direito de ir e vir sem ser expostos a riscos”, reclamou.
Albanize Bomfim fala sobre as dificuldades que devem ser enfrentadas pelo deficiente visual. (Foto: Carolina Sanches/ G1)
Durante o trabalho, ela orienta
pessoas sobre como ter mais mobilidade e ao longo do tempo ganhar
independência. “Quando nós fazemos uma análise mais atenta dos lugares,
percebemos que a falta de acessibilidade não está apenas nas ruas, mas
também em repartições públicas, bancos e áreas de lazer”, falou.
Para que um deficiente visual tenha independência para sair sozinho de casa, segundo Albanize, é preciso que ele passe por orientação. Na escola de cegos, ela ensina como tornar a locomoção mais fácil em aulas que acontecem em sala de aula e pelas ruas da cidade. “Mostramos todas as dificuldades que podem ser encontradas, como o desnível em calçadas, catracas de ônibus, escadas, e outras barreiras”, explicou.
O estudante universitário, Walter Simões, que cursa Letras em uma faculdade de Alagoas, é deficiente visual e tenta levar uma vida com independência. Ele sai de casa sozinho, pega ônibus para se deslocar aos mais diversos lugares. “No ponto de ônibus, quando há alguém, peço que me ajude a identificar o número do ônibus. Quando estou só, ao escutar o barulho do veículo, faço sinal para que pare e pergunto ao motorista se ele passa no meu destino”, conta.
Walter Simões tem autonomia para andar sozinho e tenta levar uma vida independente. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Quando o aluno está apto para sair sozinho às ruas, ele começa a usar uma bengala branca. “Ela representa a autonomia do deficiente visual. Se as pessoas encontrarem alguém com uma delas, podem ter certeza de que essa pessoa sabe se locomover. Mas isso não impede que o deficiente visual sinta algumas dificuldades, que podem ser minimizadas com uma maior conscientização da sociedade”, afirmou.
Assim como Silva, Simões diz que o maior problema enfrentado é a falta de acessibilidade. “Para vir à escola no centro eu saio sozinho porque o ônibus para muito próximo. Já para a faculdade preciso que meu irmão me leve porque o ponto de ônibus é longe e as calçadas são complicadas para chegar lá”, falou.
Escola ajuda na educação e mobilidade
A Escola Estadual de Cegos Cyro Accioly é a única do estado especializada em atendimento para portadores de deficiência visual. O local é público e tem mais de 100 alunos matriculados. Lá, eles podem ter acesso a aulas de leitura e escrita em braile, informática, apoio pedagógico e psicológico, reeducação visual, Atividade da Vida Autônoma (AVA), assinatura cursiva, Educação Física, orientação e mobilidade e até aulas de violão. A escola ainda oferece transporte para o deslocamento de casa à instituição.
Escola de Cegos possui salas estruturadas para atendimentos. (Foto: Carolina Sanches/ G1)
A unidade também oferta aulas de alfabetização em braile e uma biblioteca onde também é feito o trabalho de conversão de livros para essa linguagem. A coordenadora do Núcleo de Aprendizagem, Sleila Caldas, explicou que a Cyro Accioly também promove capacitação de professores.
“Desde 2004, o MEC está com ações voltadas à acessibilidade nas escolas. Algumas unidades possuem Salas de Recurso, que são locais adaptados ao deficiente visual. Mas para que ela funcione, o professor deve estar capacitado”, informou a coordenadora.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO
MINHA OPINIÃO:
Infelizmente esse é um problema de várias cidades brasileiras, que lamentavelmente o poder público, os empresários, nossos representantes do executivo - legislativo - judiciário municipal, estadual e federal e a população em geral não fazem nada em prol das pessoas especiais. São calçadas altas, ruas emburacadas, escadas sem corre-mãos e assim sucessivamente, e muitas vezes ninguém faz absolutamente NADAAAAAAA para facilitar à vida do próximo. Que absurdo!!!
Pedidos com carinho, às autoridades competentes do Brasil, de Alagoas e em especial de Campo Alegre - AL, que comecem a olhar esse problema com mais respeito e atenção à Inclusão Social e em respeito a todos.
Atenciosamente:
RENILTON SILVA - PROFESSOR E RADIALISTA
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