O domingo será de festa em Itu. Uma festa tão grande quanto a fama que a
cidade carrega. Uma mania de grandeza que o “intruso” do interior
teimou em manter neste Campeonato Paulista. Derrubando os considerados
grandes um a um, o bravo time treinado por Doriva chegou ao ápice neste
domingo, ao vencer o Santos, por 7 a 6, nos pênaltis, no Pacaembu, após
derrota 1 a 0 no tempo normal. Pela segunda vez, a primeira com a
presença de todos os grandes, o Ituano é campeão estadual. A primeira
foi em 2002, quando os principais clubes do estado disputavam uma edição
maior do Torneio Rio São-Paulo. Entre os 34.964 pagantes no estádio, a
minoria comemorou.
Não dá para contestar a heroica conquista do Galo, que tirou o
Corinthians na primeira fase, um favorito Botafogo nas quartas de final,
o Palmeiras na semi, e o Santos em dois jogos duros na decisão. O
Peixe, de Oswaldo de Oliveira, termina o Paulistão com o maior número de
pontos (45), mais gols marcados (47) e o futebol mais vistoso. Nada
disso foi capaz de furar a melhor defesa da competição: 11 gols sofridos
em 19 jogos. Impressionante.
A trajetória fica ainda mais expressiva se voltarmos quatro anos no
tempo. Em 2010, o Ituano escapou do rebaixamento na última rodada da
primeira fase, com Juninho Paulista fazendo o gol da permanência na
elite. Hoje, é ele quem comanda as ações fora de campo, como gerente de
futebol. Em 2013, novo susto: um gol no último minuto salvou a equipe da
degola, após vencer o Palmeiras por 2 a 1.
Ao Santos, fica o consolo de uma nova geração promissora, com Gabriel e
Geuvânio no comando. O time de Oswaldo terá pouco tempo para digerir a
derrota, pois volta a campo na próxima quarta-feira, às 22h (horário de
Brasília), contra o Mixto, na Vila Belmiro. É o jogo de volta da
primeira fase da Copa do Brasil – o Peixe venceu a ida por 1 a 0. No
domingo que vem, é a vez de estrear no Campeonato Brasileiro, contra o
Sport, também na Vila.
O Ituano aguarda a divulgação da tabela da Série D para definir seu calendário no resto do ano.
Jogadores do Ituano correm para festejar o histórico título estadual (Foto: Marcos Ribolli)
Pênalti polêmico, Cícero decisivo
O Ituano entrou ligadíssimo no jogo, mas não com a bola nos pés. A
marcação forte passou do ponto em alguns momentos e rendeu três cartões
amarelos na primeira etapa, todos para jogadores do setor ofensivo:
Cristian, Esquerdinha e Rafael Silva. Coincidência ou não, Luiz Felipe
Scolari, técnico da seleção brasileira, deu uma palestra ao elenco antes
da partida...
O Santos, mais uma vez, ficou amarrado na marcação do Galo e insistiu
demais nos lançamentos longos, na ligação direta entre defesa e ataque.
Enquanto o zagueiro Neto bancou o armador, o Peixe não conseguiu jogar.
Por outro lado, a entrada de Alison deu mais segurança ao meio-campo. Ao
contrário do que ocorreu no jogo de ida, o Ituano não dominou a posse
de bola.
A tensão, as entradas mais fortes e o ferrolho do Ituano deixaram a
decisão truncada. Aos poucos, Oswaldo de Oliveira conseguiu desatar o nó
proposto por Doriva: mandou o Santos dar a bola para Cicinho, o
lateral-direito insinuante que foi à linha de fundo, encontrou Damião,
Cícero e fez o goleiro Vagner praticar duas defesas inusitadas: uma de
peito, outra de joelho.
Quando ensaiou uma pressão, o Peixe conseguiu abalar um pouco a
estrutura do rival. Foi assim que o time chegou ao gol. Leandro Damião
furou um chute e a bola sobrou para Cícero, que sofreu pênalti de
Alemão. A câmera do impedimento detectou que o meia estava em posição
irregular quando Damião chutou. Na cobrança, Cícero esqueceu o erro do
primeiro jogo, quando chutou um pênalti nas alturas, e fez 1 a 0,
acertando o canto direito do goleiro Vagner, que acertou o lado, mas não
conseguiu alcançar.
Esquerdinha festeja título paulista (Foto: Marcos Ribolli)
Só nos pênaltis
O resultado do primeiro tempo criou um dilema no segundo. O Ituano
tentou se abrir mais e até criou chances, mas sabia que mais um gol
sofrido daria o título ao Santos. O Peixe, idem. Com as entradas de
Rildo e Gabriel, o time da Vila Belmiro ficou mais tempo no campo de
ataque e exigiu novas defesas de Vagner.
Dos rivais, o Santos era quem menos queria a decisão por pênaltis. Por
isso, Oswaldo colocou todo mundo no ataque. Rildo parou em Vagner;
Cícero, na falta de pontaria em uma cabeçada após cruzamento de
Geuvânio. O Ituano, na dele, conseguiu segurar a pressão e levar a
disputa para as penalidades - não sem antes ameaçar o gol de Aranha:
Anderson Salles obrigou o goleiro santista a fazer grande defesa em
cobrança de falta.
Nos pênaltis, após muita tensão, Jackson Caucaia fez o primeiro do
Ituano. Cícero empatou. Na sequência, Aranha cresceu e defendeu a batida
de Anderson Salles, justamente o melhor cobrador do Ituano. Alan Santos
fez 2 a 1 para o Peixe. Marcelinho empatou, mas David Braz marcou logo
depois. Esquerdinha fez 3 a 3, e Rildo mandou na trave. Nas últimas
cobranças, o experiente Marcinho fez o seu, e o garoto Gabriel igualou.
Nas alternadas, Jean Carlos abriu com gol, e Arouca manteve o Santos
vivo. Dener e Alison também marcaram: 6 a 6. Josa marcou o sétimo, e
Vagner garantiu o título do Ituano ao defender a cobrança de Neto.
Ituano, justíssimo, o novo campeão estadual.
FONTE: G1 - O PORTAL DE NOTÍCIAS DA GLOBO